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Análise em equipa sobre a utilização do questionário como método de recolha de dados
1 - Métodos quantitativos
Os métodos quantitativos são utilizados nas ciências sociais no âmbito da investigação empírica. Permitem recolher e tratar os dados/ informação de forma mensurável. As tabelas, as estatísticas e os gráficos, são exemplos de instrumentos utilizados nestes métodos para a apresentação dos resultados.
A medição é uma característica da pesquisa quantitativa que possibilita a interacção entre o que é empírico e a “expressão matemática das relações quantitativas”.
Na educação utilizam-se os métodos quantitativos juntamente com os métodos qualitativos. Esta associação contribui para uma maior compreensão dos fenómenos estudados.
O questionário é um dos instrumentos muito utilizados na investigação em educação que contribui para a “expressão precisa de ideias qualitativas” (1).
2 O questionário: conceito e enquadramento
Para Fortin (1999) o questionário é “um método de recolha de dados, junto dos indivíduos sobre factos, ideias, comportamentos, preferências, sentimentos, expectativas e atitudes”.
Este método exige uma resposta por escrito a questões que são colocadas aos sujeitos. Normalmente é preenchido sem assistência.” É um instrumento de medida que traduz os objectivos de um estudo com variáveis mensuráveis” Fortin (1999).
Para Pardal & Correia (1995), o questionário é um conjunto de questões estruturadas com o fim de obter dados das pessoas a quem se dirige. O questionário pode ser de administração directa quando é o próprio inquirido a registar as opções de resposta e de administração indirecta, quando é o próprio investigador (ou inquiridor) que preenche em função das respostas dadas pelo respondente.
O conteúdo do questionário deve incidir no objectivo e nas questões de investigação delineadas e deve abordar apenas os dados necessários.
3 - Elaboração do questionário
Na elaboração do questionário deve ter-se em consideração as seguintes etapas:
· Delimitar a informação pertinente a escolher - objectivos a que se destina e a entidade que o promove, neste caso o investigador(es); determinação da finalidade do questionário; constituição de categorias; precisão dos temas e dimensão; a extensão deve ter em atenção o público alvo, geralmente o seu preenchimento não deve ultrapassar 45 minutos, sob pena de os inquiridos dispersarem a sua atenção e concentração;
· Formular as questões - escolher o tipo de questões (escolha fixa, de resposta livre, de facto ou de opinião, directas ou indirectas (associativas ou projectivas) podendo ser misto); têm de ser claras e compreendidas pelos inquiridos, o vocabulário usado deve ser do conhecimento do inquirido e dominado pelo mesmo, não podem ser enviesadas; devem ter apenas uma ideia e não devem sugerir respostas desejáveis; não se deve incluir apenas duas questões numa só (double-barrelled questions), pois pode levar a respostas induzidas ou nem sempre relevantes, além de não ser possível determinar qual das “questões” foi respondida, aquando o tratamento da informação; devem ter frases curtas, não conter palavras de duplo sentido, nem expressões negativas nem serem tendenciosas; não devem ter repetições; nas mais sensíveis, de natureza ideológica, religiosa, política e outras, deve escrever-se um parágrafo introdutório para preparar o inquirido da mudança de plano, para mais íntimo;
· Sequenciar as questões e formatar - devem ser sequenciais; considerar que a ordem pode ter influência para quem responde; agrupar as questões relativas ao mesmo tema; colocar no início questões de âmbito geral e que suscitam maior interesse e depois as específicas; os dados biográficos dos inquiridos podem ser registados no início ou no fim do questionário; as primeiras questões devem ser simples e objectivas evoluindo à medida do questionário para questões mais íntimas e mais complexas; colocar no final as questões de resposta aberta; a disposição das questões e a apresentação devem ser tomadas em consideração (o aspecto gráfico deve ser cuidado quanto à estrutura e forma);
· Rever o esboço do questionário - aplicar o guia de revisão das questões; submeter a apreciação critica;
· Efectuar o pré-teste - testar através de um pré-teste a eficácia e pertinência do questionário junto de uma amostra que reflicta a população visada, antes de se aplicar o questionário. O objectivo do pré-teste consiste em determinar e corrigir, omissões e equívocos do questionário;
· Redigir a introdução e instruções - indicar o objectivo, o tempo requerido, os autores da investigação e as instruções de preenchimento.
Resumindo, o investigador na elaboração do questionário deverá respeitar os seguintes pontos:
Princípio da Neutralidade (libertar o inquirido do referencial de juízos de valor ou do preconceito do próprio autor).
Princípio da Coerência (respostas coerentes com intenção da própria pergunta);
Princípio da Clareza (questões claras, concisas e unívocas);
4 - Tipos de questões
O questionário pode apresentar diversos níveis de estruturação: com questões fechadas em que o indivíduo é submetido a escolhas de respostas possíveis; e com questões abertas que possibilitam aos indivíduos darem as suas respostas.
4 .1 Questões fechadas
O inquirido apenas pode assinalar a resposta(s) perante as várias opções que lhe são apresentadas. Deste modo, o inquirido terá de identificar a resposta que pretende dar, dentro as opções facultadas.
Categorias :
• Questões de resposta única;
• Questões de resposta múltipla;
• Questões de escala.
As questões de resposta fechada têm a vantagem do tratamento dos resultados ser facilitado pela codificação e normalização da informação. A limitação de um questionário que apenas seja formado por questões fechadas é a pouca profundidade da informação.
4. 2 Questões abertas
Neste tipo de questões não há qualquer limitação às respostas a dar pelos inquiridos: estes respondem livremente à questão. O tratamento de informação é mais difícil, mas os dados obtidos são mais completos, uma vez que revelam os motivos da tomada de posição dos inquiridos.
4.3 Questões semiabertas
Numa questão semiaberta, estão envolvidas o tipo de resposta fechada e aberta, decorrentes de questões fechadas e questões abertas, respectivamente.
5 - Escalas
Através da utilização de escalas é possível medir aspectos como atitudes ou opiniões do público-alvo. Existem quatro tipos de escalas: de Likert , Visual Analogue Scales (VAS) , Numérica e de Guttman .
A escala de Likert é do tipo de resposta psicométrica e é a escala mais usada em pesquisas de opinião.
O formato típico de um item Likert é:
Não concordo totalmente
Não concordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
Visual Analogue Scales (VAS )
Este tipo de escala baseia-se numa linha horizontal com 10 cm:
A sua apreciação geral sobre o produto
Péssimo ____________________________X_____Excelente.
O inquirido deve responder à questão assinalando na linha a posição que corresponde à sua opinião.
A escala Numérica deriva da escala anterior na qual a linha se apresenta dividida em intervalos regulares:
PéssimoI ____I_____I_____I_____I_____I_____I Excelente
A escala de Guttman é formada por um conjunto de respostas que estão hierarquizadas. Deste modo se um inquirido concordar com uma das opções está a concordar com todas as que se encontram numa posição inferior na escala.
6 – Vantagens, desvantagens e limitações
Vantagens
· Proporciona o conhecimento de vários parâmetros de uma dada população;
· Possibilita quantificar uma multiplicidade de dados e proceder a numerosas análises de correlação;
· Garante o anonimato das respostas;
· Admite que os inquiridos respondam no momento que consideram mais oportuno;
· Possibilita uma maior sistematização dos resultados obtidos e facilidade de análise;
· Não é muito dispendioso;
· Não requer muita habilidade de quem o aplica;
· Possibilita uma “relação” impessoal;
· Tem uma apresentação uniformizada (ordem igual para todos os sujeitos, as mesmas instruções…);
Desvantagens
· Representatividade da população com a definição da amostra;
· Pode ter custos elevados;
· Indivíduo tratado como unidade estatística (perda das relações sociais entre os inquiridos);
· Pequena percentagem de questionários correctamente/completamente preenchidos; taxa elevada de dados em falta;
· Índice de devolução baixo; fraca taxa de respostas;
· Aplicação depende das habilitações literárias dos inquiridos;
· Dificuldade na concepção.
7 - Análise dos dados
Nesta fase procede-se à codificação das respostas, ao tratamento dos dados através da Análise_Quantitativa e/ou Análise_Qualitativa para de seguida se proceder à elaboração das conclusões.
Bibliografia
(1) A pesquisa quantitativa [online] . Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Quantitative_research e em http://en.wikipedia.org/wiki/Quantitative_method . Consultado em Novembro de 2010.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Question%C3%A1rio. Consultado em Novembro de 2010. Almeida, J. F.(1994). Introdução à Sociologia, Universidade Aberta, Lisboa.
Carmo, H. & Ferreira, M. (1998). Metodologia da Investigação - Guia para Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
Fortin, M. (1999), O processo de Investigação, Lusociência
Quivy, R.& Campenhoudt, L. (1992). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.
Rojas, R. O. (2001), El Cuestionario; [online] Disponível em http://www.nodo50.org/sindpitagoras/Likert.htm (consultado em 2 de Abril)